O artigo 130 da Constituio brasileira contempla a autonomia institucional do Ministrio Pblico de Contas, com as capacidades de livre exerccio funcional, autolegislao, auto-organizao e independncia oramentria e financeira. A interpretao foi defendida pelo professor baiano Uadi Lammgo Bulos, mestre e doutor em Direito do Estado, em conferncia nesta quarta-feira (27 de junho), durante as comemoraes dos 50 anos do MPC paranaense.
No contexto democrtico, de um regime de responsabilidades, o Ministrio Pblico de Contas um ente essencial e constitucionalmente autnomo, no se ligando aos Tribunais de Contas e nem ao Ministrio Pblico comum, afirmou Bulos, considerado um dos maiores constitucionalistas brasileiros. No livro Constituio Federal Anotada, que teve lanamento durante o evento, ele dedica um captulo ao artigo 130 da Carta de 1988 que trata do MPC.
Nessa interpretao, Bulos defendeu as prerrogativas dos MPCs, de institurem corregedorias prprias para fiscalizar o estgio probatrio de seus membros (em vez das corregedorias dos TCs), e o poder dos procuradores para, por exemplo, requisitar informaes diretamente de gestores pblicos jurisdicionados e firmar Termos de Ajustamento de Conduta (TACs). A autonomia hoje a principal bandeira dos MPCs em todo o Brasil.
Bulos defendeu a Constituio do Estado de Roraima, cujos dispositivos que tratam da autonomia administrativa, financeira e oramentria do MPC daquele Estado questionada junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Ao Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4725. E criticou a nomenclatura utilizada no artigo 130 da Constituio Federal Ministrio Pblico junto aos TCs. Esta palavra gerou polmica desnecessria, porque pode dar a ideia de submisso, afirmou.
Desafios
Alm da conferncia de Bulos, a comemorao teve mesa-redonda que reuniu o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paran, conselheiro Fernando Guimares oriundo do MPC ; o procurador-geral da instituio, Elizeu de Moraes Corra; a presidente da Associao Nacional do Ministrio Pblico de Contas (Ampcon), Evelyn Freire de Carvalho; e o representante da Comisso de Gesto Pblica da Ordem dos Advogados do Brasil no Paran (OAB-PR), Thiago Lima Breus.
Guimares destacou o grato momento de coincidncias da comemorao. O MPC paranaense completa 50 anos de atividade ao mesmo tempo em que o TCE faz 65 anos e presidido por um conselheiro oriundo daquela instituio. Ele ingressou no Tribunal no primeiro concurso pblico para procurador, realizado em 1994.
Aprovado no mesmo concurso, Elizeu Corra destacou a evoluo histrica da instituio. Neste caminhar de 50 anos, estamos construindo nosso perfil. Ainda h muita coisa a ser conquistada, especialmente em relao s garantias constitucionais, para que possamos nos aprimorar na defesa do errio, do interesse coletivo e dos interesses sociais, destacou o procurador-geral.
Revista digital
Durante a solenidade, foi lanada revista digital que resume a histria do MPC paranaense. Com o ttulo Como Chegamos At Aqui, a publicao narra as conquistas e os desafios da instituio. Tambm foi descerrada placa comemorativa data, na entrada do segundo andar do Edifcio-Anexo do TCE, que abriga o Ministrio Pblico de Contas. Em seguida, foi inaugurada a foto de Laerzio Chiesorin Jnior, que se aposentou em maio, na galeria de ex-procuradores da Casa.
As comemoraes foram encerradas com a entrega da medalha Comenda de Mrito da Ampcon, entidade que est comemorando 20 anos. Foram homenageados Chiesorin Jnior (ex-presidente da Ampcon) e Antnio Maria Figueiras Cavalcante, ex-procurador do MPC no TCE do Par e o mais antigo membro da Ampcon em atividade. O terceiro homenageado, Jos Gustavo de Athayde, do MPC do Tribunal de Contas dos Municpios de Gois, no pde comparecer solenidade.
Na homenagem, Corra reconheceu o perfil de liderana e elogiou o profundo domnio da lei demonstrados por Chiesorin Jnior. Em relao a Figueiras Cavalcante, o procurador destacou seu engajamento nas principais causas defendidas pela Ampcon nessas duas dcadas.
Fonte: Coordenadoria de Comunicao Social TCE/PR
Texto de Valmir Denardin